Estamparia

Conto um. Depois conto o dois.

Eram duas vezes dois príncipes chamados Jot e Toj. Eles nasceram amigos e morrerão amigos. Porém, no fundo no fundo, já não se aguentavam mais, apesar de serem opostos, faziam tudo juntos! Casaram, tiveram filhos, iam nas mesmas festas, os filhos estudavam juntos, as esposas eram irmãs, os pais eram melhores amigos, chegava! Decidiram portanto cada um ir para o seu lado e que se danassem o resto. Mas não deu muito certo. Os reis cortaram a mesada, as mulheres cortaram o sexo, os filhos cortaram os colos. E agora? Os dois em cima do muro, lutando bravamente para não decidirem a mesma coisa, os parentes pressionando, estava difícil. A cidade toda ficou sabendo da confusão dos príncipes revoltos. Na verdade, não eram só eles que eram idênticos, a cidade toda era regida pela Lei da Santa Simetria, nada podia estar fora do lugar. Todos conviviam harmonicamente, dois pra lá, dois pra cá.. Então, voltando a história dos príncipes, pensaram durante dois dias e duas noites até que chegaram a uma conclusão(infortunamente, juntos. mas pensavam melhor dessa forma):
- Vamos trocar de lugar!
O povo e as duas famílias ficaram espantados juntos.
- Mas isso desregula nossa Santa Lei! Tudo ficará desequilibrado!
- Claro que não! Continuará havendo um para cada lado!
E todos juntos aceitaram relutantes.
Mas não foi como Toj e Jot pensaram (novidade!). Achavam que tudo mudaria, que as relações seriam diferentes, que o dia-a-dia seria diferente, mas nãããão. A mesadas eram as mesmas, os sexos eram os mesmos, os colos eram os mesmos. A cidade continuava a mesma, dois pra lá, dois pra cá. Então, como em um último golpe para tentarem se livrar da mesmisse simétrica da vida no reino Odado, uniram os opostos, formaram um só ser, casaram!
O povo e as duas famílias ficaram estupefatos cada um a sua maneira!
A simetria havia sumido.
A regularidade favia sumido.
A liberdade havia surgido.
Errada? Certa?
Ninguém sabe, talvez nunca saibam.
Quem se importa?
O que importa é que a mudança havia chegado.
Seja ela, branca, preta, colorida.
Sempre mudando.
Só assim que o Mundo vai pra frente.

Listen: Flor - Los Hermanos / Cecilia - Chico Buarque

É semi-deus! É semi-nu! Viva a magia viva do maracatu!

Listen: Fidelity - Regina Spektor / Heaven - Talking Heads

Neverland
Bem Leve
Natureza em Natura Retas
?

Cheguei a uma conclusão, daquelas bem piegas, de vida. Quanto mais pessoas diferentes conhecemos, mais nós mudamos, para melhor. Dá para aprender com os erros alheios, ajudar na compreensão sobre o novo, fazer com que a gente reflita sobre o que já vivemos e o que podemos viver. Pode ser que discordemos de tudo que essa nossa pessoa diga, mas o importante é estar ali ouvindo e se sentir, pelo menos eu me sinto, livre para dar opiniões e perguntar por que ela vive do jeito que vive, e entender. Talvez seja essa a palavra. Ao entender, se está captando a mensagem que ela quer (intuitivamente ou diretamente) te passar, e se dando a possibilidade de mudar o que sente que está errado. A vantagem é que pode-se ser uma pessoa completamente nova ao conhecer alguém (afinal, ela não vai saber se você é assim ou não, né) e isso te dá oportunidade de experimentar novas sensações, novas experiências e viver novas situações (fantástico!). Ou seja, se você está cansado de como é agora, conheça alguém! E mude. Não há problema em mudar, penso eu. O problema é desrespeitar os seus próprios princípios. Não só você estará se desrespeitando, mas também as pessoas ao seu redor que construíram uma relação com quem você era antes.

Não perca suas amizades antigas, nunca.

Sim, abra a cabeça para outras amizades, sempre.

Seja uma pessoa nova a cada dia, surpreenda, se surpreenda! É gratificante. Mas nunca deixe os velhos hábitos bons para trás (afinal, foram eles que te formaram assim).

Acho que já tá bom, se tiver alguma crítica ou sugestão, por favor faça-o(a) ^^