O Natal é uma coisa engraçada. A gente entra em filas quilométricas no trânsito, no supermercado e até nas Lojas Americanas pra conseguir ter presentes, ceias e decorações dignas. Há Papais Noeis, renas e neve artificial pra todo canto. Mas papo principal é o dia em si. Nada tira a magia do dia 24 à noite. Quer dizer, não deveria, mas tira sim. Depois que a gente cresce, percebe que a família não é tão unida como a gente pensa, o presente que aparecia debaixo da cama tinha sido comprado pelo papai (não o Noel), quem você mais quer te faz falta e o que você já tem não parece mais suficiente . Acho que talvez seja tudo uma questão de ponto de vista. Um ponto um pouquinho mais alto. Acho também que ainda não me acostumei com essa altura. Ainda quero um Natal na casa da minha paixão de avó cheio de primos pentelhos, tios bêbados e mesa cheia. Quero o amigo invisível sem graça, a decoração piegas e as musiquinhas ultrapassadas. Quero voltar pra casa uma da manhã e ir correndo dormir pra chegar a manhã de 25 e achar um presente inesperado ao pé da árvore. Melhor, quero TER uma árvore. Cheia de bolinhas descascadas com o efeito do tempo, anjinhos de plástico e luzes coloridas. Almoçar com a família do pai, comer comida caseira da vovó e dormir a tarde toda em uma rede na sala.
Visão daquela criança nostalgiaque preferia o Natal ao aniversário, eu sei. Mas é essa visão que eu não perdi. Aí o que resta é somente essa maldita nostalgia que não deixa eu refazer o meu conceito natalino. Não consigo nem começar a bolar como ele deve ser agora que não tenho mais todo esse contexto. E olha que eu pretendo ser uma designer e uma dançarina. Adaptar-me a novas circunstâncias e solucionar problemas criativamente já deveria ser um hábito.